Por Ademir Raimundo da Silva
(Colaborador Tudo Para Opala)
Em 1977 no auge da crise do petróleo, visando a economia de combustível e maior autonomia para os motores da linha Opala a GM disponibilizou um novo cambio com sobremarcha “Overdrive” onde este item opcional poderia ser instalado em modelos com motores 4 cilindros 151-S (carburador de corpo duplo e coletor de admissão de alumino) quanto em modelos com motores 6 cilindros 4100.
Inicialmente o projeto era utilizar um câmbio totalmente novo onde a sobremarcha “overdrive” poderia ser acionada mecanicamente através de uma outra alavanca semelhante à do câmbio ou eletricamente através de um botão no próprio painel do carro ou através de um botão posicionado na própria alavanca de câmbio, essas soluções foram vetadas pelo “alto escalão da GM” devido ao seu alto custo, o que elevaria muito o valor final de produção do Opala.
Sendo assim, a opção adotada pela GM foi pedir ao fabricante de cambios na época a (CLARK) a fabricação de um cambio de 4 marchas basicamente igual ao que já era utilizado em toda a linha Opala, porém, com as suas relações de marcha alteradas. Abaixo uma comparação entre as relações de marcha de ambos os cambios:
Cambio convencional relações:
1ª. 3,07
2ª. 2,02
3ª. 1,39
4ª. 1,00
Cambio Over-Drive relações:
1ª. 3,04
2ª. 1,68
3ª. 1,00
4ª. 0,86
Para o fabricante não foi uma tarefa muito difícil já que as hastes de acionamento de mudança de marcha no câmbio de 4 velocidades “varetado” ainda eram externas, não foram necessárias grandes modificações, porque parte das engrenagens e peças eram do cambio de 3 marchas já amplamente utilizado em toda a linha Opala, a mudança ficou por conta da troca das engrenagens da segunda, terceira e quarta marcha e da posição em que essas eram acionadas. Foram invertidas as hastes “varetas” correspondentes à terceira e à quarta marcha, no câmbio convencional as hastes de acionamento eram voltadas para cima, no câmbio com sobremarcha as hastes correspondentes a terceira e quarta marcha eram voltadas para baixo. Com isso, quando se passava a terceira, na realidade estava-se engatando a quarta (1:1 câmbio convencional) dentro da caixa. E quando a alavanca vinha para trás, para a quarta, era a sobremarcha (0,86) que era engatada. Na teoria um câmbio com relações de marchas mais longas traria economia de combustível já que o motor trabalharia com menor regime do rotações, porém na prática isso só funcionava quando se andava em velocidades entre 100 e 120 KM ou seja, apenas em uso rodoviário, no uso urbano a relação de marchas mais longa prejudicava ainda mais o consumo de combustível principalmente nos Opalas e Caravans equipados com motor 4 cilindros , nos carros equipados com motores 6 cilindros esse por assim dizer “buraco” entre uma marcha e outra era menos percebido. Por fim, a somatório destes fatores com uma alteração no código de transito da época que reduzia limite de velocidades nas estradas fez com que o câmbio com sobremarcha fosse abolido.
Os Opalas e Caravans 1977 equipados com este opcional não tinham nenhuma identificação externa para diferencia-los dos outros modelos, apenas internamente haviam detalhes que indicavam o opcional são eles: Adesivo no porta-luvas, círculo em volta do número 4 na manopla do câmbio e um vacuômetro no painel.
Imagens de alguns modelos equipados com o câmbio sobremarcha.
Por Ademir Raimundo da Silva