Os viventes de 1987, provavelmente já não tinham mais esperanças ou crenças na linha Opala, afinal de contas eles já eram conhecidos dos brasileiros desde o final de 1968, quando o nosso mercado sofria mudanças fortes, chegava o fim da era de carros pesados, chegava o fim da era de carros com dois carburadores, freios a tambor, elétrica de 6 voltes, nosso mercado caminhava a coisas realmente diferentes do que estávamos acostumados a ver, dava inicio a era Dodge/Galaxie/Opala, carros que para nossos padrões, eram naves alienígenas, motores enormes, de mecânica simples, confortáveis e velozes. Mesmo que de alguma forma ainda pesados pela ”balança” eram leves pela forma que andavam.
Passamos os anos 70, chegamos ao fim dos anos 80, muitas coisas aconteceram nesses 10 anos, dentre eles a popularidade do Opala, que já vestia trajes antigos, sempre confiável, desejado mas de certa forma, inegavelmente cansado fisicamente, seu corpo ainda se mantinha em forma, viril e cada vez mais compassado.
Para o final de 1987, inicio de 1988, foi apresentado ao publico o que seria a evolução mais impactante sobre a carroceria do Opala, mesmo que em 1980, a era quadrada tenha causado muito espanto, de certa forma para o bem, pois era justamente a moda da virada daquela década, 1988 foi o auge da ”tecnologia” mesmo sabendo que em 1991, foram implantados sistemas ainda mais sofisticados, 88 foi o espanto, justamente pela ideia de que ninguém imaginava que o Opala iria dar aquele salto.
A relação entre Opala e Homem, estaria mais uma vez estampada nas ruas, mais ainda nos seus novos proprietários que puderam sentir um gostinho do que se vendia lá fora a muito tempo, para nós era novidade.
O novo diplomata para 1988, de cara já causava um alvoroço, novos faróis com milhas acoplados, nova grade bicuda, lanternas traseiras envolventes, o que para nós era algo extremamente sofisticado, novas rodas mais suaves, limpando o desenho do carro, dando um aspecto de rodar mais tranquilo, não deixando de lado os detalhes cromados, agora estampados nos plásticos, filetes cromados,delicados que davam ao carro um aspecto sofisticado.
O interior outro banho de loja memorável, volante mais moderno, painel mais moderno, agora afogador ficava em baixo do painel, novas saídas de ar mais modernas, agora com controlador manual.
O sistema de ar condicionado, outro detalhe memorável que até hoje se fabrica carros sem, eram a saídas do ar para os passageiros traseiros, um detalhe de requinte de extremo bom gosto.
Não podemos esquecer também da coluna escamoteável com 7 posições, o que era uma ajuda muito valiosa para um carro de construção dos anos 60, seu projeto de cabine muito antigo, necessitava se adaptar aos padrões humanos das décadas seguintes.
Ainda no interior, um novo painel foi reconstruído, agora todo em acrílico translucido, bem iluminado, ascendendo em verde, bem bonito mais visível, até 1987, a iluminação era indireta, deixava o painel pouco iluminado, detalhe que o painel para linha 1988, foi todo construído em acrílico com iluminação dentro de placas, eram feitos adesivos sobrepostos nesses acrílicos gerando uma iluminação extremamente eficiente e sem perdas.
OBS: Um detalhe que ajuda a compor o silencio desse automóvel para 1988, é que a GM colocou ainda mais borrachas por trás do painel, no antigos só tinham borrachas nos suportes dos marcadores, agora para a linha 1988, a traseira dos marcadores é composta por mais de 20 borrachas em forma de arruela, que não deixam nenhuma peça de plastico dentro do painel criar ruido, já que eram de acrílico moldado, foi uma atitude correta da GM.
O isolamento acústico do 88, outro banho sobre os brasileiros, eram simplesmente o carro nacional mais silencioso em fabricação, existiam mantas ante ruido espalhadas por toda carroceria, mantas de borracha por todo piso, não existia barulho de chuva,pedras, quedas em buracos, rolagem de pneus ou qualquer outra coisa que pudesse atrapalhar a paz dos passageiros, algo que ajudou bastante reduzir os sintomas de rodagem foi outra novidade para o mercado.
O sistema de eixo cardã com rolamento central e dividido em 2 partes, antes uma peça unica ligada por duas cruzetas, agora era um sistema moderno com um centro de amaciamento e ponto morto de rotação, antes a rotação passava direto do diferencial para a luva da caixa de marcha, agora morria antes, passando pelo rolamento central, iniciando um novo processo de transmissão, algo usado em carros importados, sendo hoje padrão mundial para carros de tração traseira, reduzindo barulho, vibração e aumentando a durabilidade do sistema de transmissão.
Também, aproveitando a conversa sobre isolamento, o opala tinha isolamento plastico ” ante pó” até mesmo nas colunas do teto, algo que normalmente só se via nas portas dos carros, a GM isolou até mesmo as colunas, qualquer brecha na carroceria, recebia uma forração ante poeira.
Como se não bastasse essas mudanças, se o veiculo fosse pedido com cambio automático, mais uma vez uma novidade, um cambio de 4 velocidades com Overdrive. O cambio de 4 velocidades que atingia velocidade máxima ainda em terceira marcha, dando ao trabalho da quarta derrubar o giro em nome da economia de combustível, um cambio tão afamado mundialmente, que só era usado por marcas Premium no mundo, um exemplo delas, Mercedes, BMW e jaguar. Era um cambio automático que não tinha nada eletrônico, que vinha de fabrica com o modo ”esporte” se bem que o nome correto não é esse, mas o sistema era controlado por cabos, e não permitia a mudança de velocidades com o pé completamente acionado, era simples a forma de dizer : Não quero passar marcha agora, então enquanto o pedal estivesse pressionado, ele não trocava de marcha, fazendo assim uma função de manual, se viesse em certa velocidade, na ultima marcha e o pedal fosse pressionado de uma vez, ele reduzia até a marcha correta daquela velocidade, 1 ou 2 marchas de uma vez, era tudo correspondente ao desejo do motorista. OBS: Primeiro carro nacional com cambio automático de 4 velocidades, foi o Dodge Polara, mas não sei falar sobre.
Não poderia deixar de receber também modificações na suspensão, afinal de contas era um carro extremamente macio.
Algumas medidas foram tomadas, molas mais firmes com elos mais grossos, barras estabilizadoras mais grossas, amortecedores recalibrados, sistema de direção também foi recalibrado, para uma tocada mais firme em altas rotações, de fato era um carro que tinha um conforto extremamente superior aos opalas fabricados, com uma estabilidade muito melhor que os antigos molengas, ele entrou em um patamar de qualidade jamais visto na industria nacional, ainda, tudo isso dentro de um ”opala”, algo que ele nunca deixou de ser, com suas janelas claustrofóbicas, seu tanque de combustível gigante, o velho motor de caminhão simplesmente indestrutível, o peso mal distribuído sobre o eixo dianteiro com o motor de 6 cilindros em linha, quem conhece sabe, em altas velocidade, tocar um opala em curvas, nunca foi profissão de menino.
O opala, a partir desse ano, estava mais perto do seu fim, mas jamais seria como os outros nacionais que foram a morte pobres, ele chegaria ao seu fim, como ele jamais foi, Melhor, mais bonito, mais sofisticado, mas silencioso, mais moderno, entrou nos anos 60 como o nacional de projeto mais moderno e saiu nos anos 90 como o nacional mais bem ”cuidado” pela montadora, era o carro mais caro para se produzir, o mais caro para se comprar, ele deixou seu legado como talvez o automóvel mais respeitado já fabricado aqui, elogios, criticas, paixões, desejos, tudo fez parte da historia do Opala, as famílias que tiveram opalas por mais de 20 anos, podem até ter deixado ele de lado com a chegada de coisas mais novas, mas a saudade do Opala batia com pouco tempo de distancia.
Quem deseja conhecer mais, ainda tem muito a ser estudado, essas não foram todas as novidades.
Por fim, aqui foi apresentado o Opala Diplomata para 1988.
Por: Pedro Callou.