Crédito: Tiago Queiroz/Estadão
A garagem da casa do inspetor de vias do metrô de São Paulo Luciano Cremonezi denuncia que seu gosto por carros adquiriu contornos de vício. Há nada menos que 12 antigos – dez formam seu acervo pessoal e dois são para revenda. Na coleção, destacam-se os seis exemplares do Chevrolet Opala, três dos quais da versão de topo, Diplomata: 1987 cor dourada, 1989 verde e 1992 azul.
A paixão é tanta que Cremonezi passa mais tempo na garagem do que com a esposa, que teve de superar o ciúme. “No começo, eu comprava os carros na surdina, para evitar reclamações. Hoje, são tantos que ela nem sabe quantos eu tenho, ou se estou com um novo”, conta.
O modelo mais antigo da coleção é um cupê de 1972, comprado novo pelo pai de Cremonezi. “Não tínhamos as opções de lazer das crianças de hoje, então minha infância foi passada dentro dele. Nossa televisão era ligada na bateria do carro, e eu brincava de dirigir nele”, lembra o inspetor, que ganhou o Chevrolet quando fez 18 anos.
Na época, o Opala Diplomata com motor de seis cilindros era o modelo usado por executivos e políticos e já enchia os olhos de Cremonezi. Mas foi somente em 2006 que ele conseguiu comprar seu primeiro exemplar, o dourado das fotos desta página.
Gostou tanto do carro que resolveu comprar uma unidade de cada fase do modelo. Em seis anos, a coleção ganhou um exemplar de 1982, um de 1989 e outro de 1992, além de um 1979 da versão Comodoro.
Autodidata. Cremonezi conta que ele mesmo faz a manutenção de todos os carros. “É a minha felicidade. Só vou a oficinas para fazer coisas como alinhamento, ou para bater papo”, afirma o ‘opaleiro’, que aprendeu o o ofício sozinho. “Carro antigo você regula no olho e no ouvido.” Em comum, os três Diplomata tiveram a suspensão rebaixada, ao gosto do proprietário.
Satisfeito com os sedãs, ele diz que está à procura de uma perua Caravan SS, opção esportiva e rara do modelo. “Achei um exemplar dourado no interior de São Paulo, mas requer reforma e prefiro carros prontos, que só demandem reparos leves. Restaurar ficou muito caro, pois há especialistas que vivem comprando todas as peças disponíveis no mercado para depois revender por uma fortuna”, afirma o metroviário.
Zeloso, ele roda pouco com suas preciosidades, que estão sempre ao alcance de seus olhos. “Eu não cubro meus carros, assim posso vistoriá-los de longe, pois minha garagem é aberta nas laterais”, diz.
Como um bom pai, Cremonezi diz que cada Chevrolet o encanta por um detalhe diferente. Mas reconhece que há favoritos na prole. “Meu xodó é o 1972, por tudo que ele representa para mim. É ele que se destaca nos passeios. Mas gosto mais de dirigir os Diplomatas. O 1992 é especial, pois nunca foi reformado, tem só 10 mil km e um motor aspirado bem forte. Ele faz meus olhos brilharem.”